Luto: Por que é difícil seguir depois da perda?

0
493

A vida continua. Quem já não ouviu essa frase em um momento de dor, diante da morte de um ente querido? Sim, a vida continua e isso é tão obvio que chega a ser irritante escutar uma frase dessas quando o nosso mundo parece ter acabado. Por algum tempo, após a morte de uma pessoa querida, é como se parássemos no tempo. Chegamos mesmo a acreditar que nunca mais conseguiremos retomar a nossa vida. Não é da natureza humana estar “preparado” para a perda, para a separação. E quando ela acontece precisamos de um tempo para assimilar esse fato, entrar em contato com nossa dor e redescobrir nosso lugar no mundo. E isso não acontece de um dia para o outro. Isso envolve confusão, questionamentos, sentimentos contraditórios, busca de sentido e explicações. Ao final desse processo desgastante, mas transformador, estaremos prontos para retomar nossos afazeres e prazeres. E é neste ponto que algumas pessoas não conseguem seguir adiante. Dizemos então que seu luto “estagnou”.13249 (1)

Para alguns pode ser muito difícil abandonar o luto. E não é por que “gostam de sofrer” como muitas vezes se ouve por aí. O enlutado simplesmente odeia pensar que vai esquecer o ente querido que morreu. Esquecer é aterrorizante porque é não ter mais. Bem ou mal, o sofrimento é ainda o que liga o enlutado àquela pessoa querida.  Deixar para trás o luto, voltar a fazer planos e retomar o convívio com amigos e familiares pode, de uma forma distorcida, ser entendido como uma traição à memória daquele que partiu. Como se o fato de não estar permanentemente sofrendo e pensando no morto significasse que, com o passar dos dias, ele seria esquecido. Todavia, como já dizia Parkes, psiquiatra e grande estudioso do luto, jamais esqueceremos quem um dia muito amamos. Na Terapia do Luto trabalhamos a transformação de uma ausência em memória. E descobrimos que podemos encontrar outro lugar em nossas vidas para aquele ser querido. Um lugar onde não há o menor risco dele ser esquecido: dentro de nós.

Marcar consulta com psicóloga

 

 

 

 

 

Outra situação que dificulta o abandono do luto é a sensação de culpa que muitos enlutados relatam sentir quando os sentimentos de dor e pesar passam a dar lugar a lampejos de alegria. Existe o pensamento errôneo de que ao sentir-se feliz, sorrir ou aceitar convites para festas e viagens o enlutado esteja minimizando sua perda e diminuindo a importância da pessoa falecida em sua vida. Porém, é preciso lembrar que, assim como a tristeza, a alegria também faz parte da vida e precisa aos poucos retomar seu lugar. A saudade é inevitável. Momentos de tristeza e choro certamente continuarão a existir, mas será muito melhor, e mais saudável, se aos poucos eles puderem ir dividindo espaço com a felicidade e a vontade de viver.

recomecar

Aliás, cuidar de si mesmo e escolher ser feliz não é esquecer-se de quem se foi, mas sim, perceber que a vida um dia acaba e que precisamos vivê-la plenamente. Seguir vivendo é também uma forma de agradecimento pela vida compartilhada ao lado de pessoas especiais, dessas que deixam saudades quando vão embora.  E que bom que tivemos a quem amar! E que bom que na ausência desta pessoa, ainda temos muitas outras com quem podemos continuar tendo bons momentos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui